quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Zé da Silva, a Inflação e a Renda real

Zé da Silva é assim como eu, nasceu na década perdida e conheceu a inflação de perto, época dos preços descontrolados. Ele serviu de personagem para crônica de Frei Betto sobre o efeito da economia sobre o homem comum. O homem que não entende o porquê do preço do arroz e do feijão - no meu caso do “PF”, da pizza e do iogurte – variar na “exata” medida, sempre pra cima, na subida e na descida do Dólar. Se sente deslocado.
Ultimamente, fiquei sabendo que foi Keynes que ao estudar o efeito da grande depressão de 1929, definiu que aos governos caberia em momentos de crise realizar inversões econômicas no sentido de que aumentando os gastos dos governos incrementarem a demanda por bens e serviços de forma a garantir os empregos e a renda. Não sei se ocorreria tal idéia a Zé da Silva, mas os “Zés” da Silva de hoje, também contribuem para o aumento da demanda, gerando emprego e renda, ao gastarem o seu “rico dinheirinho”.
Mas Zé da Silva sabe que vivemos em um pais caro. Barato mesmo é consumir apenas a cesta básica, basiquérrima, dessa que só consta mesmo o essencial e de onde são calculados os índices oficiais de inflação, esses que giram em torno de 5,5% ao ano. Variando em torno de 5,5% também é o reajuste de salário de Zé da Silva. Mas Zé da Silva sabe que para consumir qualquer outra coisa que não feijão e arroz, terá que arcar com aumentos que muitas vezes giram em torno de 30% anuais. As contas de Zé da Silva não fecham.
Chamam de “custo Brasil”, para tudo que é produto industrializado Zé da Silva pagará muito mais do que o mesmo produto comercializado nos países vizinhos do Brasil, países integrantes do Mercosul. Para beber vinho mais barato é melhor comprar importado do Chile. Se depois de juntar economias por uns sete anos, e pegando mais um empréstimo – sabendo que os juros do Brasil estão entre os maiores do mundo, Zé da Silva for adquirir um carro popular zero quilômetro, pagará 40% mais caro que o mesmo veículo vendido no México. Zé da Silva não entende.
O Presidente Lula tinha anunciado que o Brasil tinha virado país auto-suficiente em Petróleo. O petróleo era nosso mais uma vez. Reproduziu até aquela foto histórica de Vargas com as mãos cheias de dedos melados de petróleo. Ninguém entendeu, o preço da gasolina não baixou. E de lá para cá já aumentou umas “cem” vezes. Zé da Silva está inconsolável.
Sua renda cresce de maneira inversamente proporcional as suas dívidas no cartão de crédito, Zé da silva pensa em vender o carro quando a imprensa diz que a Petrobrás está quebrando e que a gasolina vai subir novamente. Pensou em ir embora do Brasil, tentar a vida como imigrante ilegal, quem sabe nos Estados Unidos, mas não suportaria viver longe dos filhos. Agora, na vã tentativa de equilibrar as contas, e como último recurso, pensa em fazer prova para cursar administração ou economia na modalidade EAD, aproveitando a expansão universitária continuada no governo Dilma, quem sabe até conseguir um emprego no Ministério do Planejamento. Zé da Silva continua a acreditar.

O falso moralismo ou a vigarice verdadeira?

Sinal dos tempos, a moda agora é o homem “progressista” e politicamente correto. No “Sarau dos Grã-finos” – lembrando o saudoso Nelson Rodrigues, é chique ser “prafrentex”, é “proibido proibir”, ou criticar. Seja cool, defenda cotas raciais, lei contra a “homofobia”, abrace árvores, engajamento para defesa de direitos de criminosos, suba o morro cantando "sou da paz", eis a agenda “pós-moderna”.
A condição de homem “pós-moderno” parece exigir mesmo até o policiamento à posições consideradas “machistas” ou grosseiras. É grosseiria pedir penas pesadas para criminosos, é selvagem. Se você é assaltado, surpresa, o verdadeiro criminoso é você. Você como classe média é eleito para culpado. Culpado porque, como classe, supostamente contribui para a miséria para que esse “pobre coitado” tenha que assaltar. Essa é a bela lógica dos grupos de direitos humanos e dos chiques em geral. Você? É falso moralista.
Quer um exemplo? Em uma coluna para a revista Época em que uma jornalista se propunha à crítica de um grupelho de estudantes que decidiram em uma festa universitária montar em garotas gordas, isso mesmo, montar – criando assim, o que seria o “primeiro rodeio universitário de gordas” – a colunista, ao invés de criticar, se defende, não sou moralista! Incrível. Os moralistas são os novos maconheiros.
A “filósofa” Marilena Chauí, dá um exemplo eloquente da mentalidade “democrática” em voga em vastos setores da esquerda. Para eles, você que vive indo e vindo do, e, para o trabalho, que estuda para melhorar, que se vira nos trinta, é reacionário. Como diria Clodovil, “você é o atraso do Brasil”. Só presta se for “socialista”. É isso que apregoa um bando de intelectuais autoritários, autoritários porque por detrás de um verniz onde se dizem libertários, tentam vilipendiar todas posições que não lhes são simpáticas. Tentam vender seus modelos como receitas para um mundo melhor. Acusando de intolerantes a todos quanto a eles se contraponham.
Acusam de fascismo a todos que não compram a sua militância política, raivosos. Velhos vigaristas, tentam desesperadamente formar novas legiões de militantes para seus projetos políticos, geralmente jovens com o cronograma vago e a cabeça desocupada. Sempre prontos para dar mais um viva à revolução. Mas que revolução?