terça-feira, 10 de novembro de 2020

O chorume bolsonarista

 

A eleição de 2018 para presidente da República com certeza passou para a história como uma grande reviravolta, onde um candidato desacreditado do meio político, oriundo do “baixo clero” da Câmara dos Deputados, se sagrou presidente eleito do Brasil. Essa façanha se deveu a um esgotamento generalizado do meio político e principalmente do governo do PT, que sabidamente montou um gigantesco esquema de corrupção. Bolsonaro surfou no sentimento de insatisfação popular e afinou um discurso de combate à corrupção, logrando uma vitória nunca antes imaginada.

Assim que se instalou no Governo Federal, o presidente, pouco afeito ao trabalho administrativo e ao planejamento, sendo que ele mesmo confessou assinar, muitas vezes sem ler, diversos atos administrativos, Bolsonaro logo se esmerou em desempenhar outras ocupações menos tediosas e mais divertidas. O presidente passou a comentar diariamente acontecimentos gerais da política, sempre com capacidade de análise comprometida e emitindo opiniões duvidosas.

Outro efeito colateral da chegada de Bolsonaro ao poder foi a criação da profissão de “influencer” puxa-saco de político. Perfis em rede social que (recebendo dinheiro ou não) se especializaram em criar narrativas fantasiosas (quer dizer, narrativas mentirosas) que geralmente servem para legitimar os erros de Bolsonaro. São também conhecidos como perfis que servem para “amansar o  gado”.

Depois do advento da COVID 19, as sandices de Bolsonaro ficaram ainda mais visíveis. Dotado de uma mania de perseguição e de um permanente sentimento de estar envolvido em uma trama conspiratória, o presidente, primeiramente, negou a existência do vírus dizendo que este consistia em apenas uma “gripezinha". A sua narrativa delirante evoluiu para afirmar que essa pandemia havia sido criada pela China com o objetivo de dominar os demais países.

Bolsonaro também dirige suas investidas aos governadores, principalmente à possíveis adversários políticos na eleição de 2022, como o governador de São Paulo. Agora Bolsonaro atribui um caso de suicídio de um dos participantes da pesquisa de produção da vacina no Brasil,  a “reações adversas” da vacina chinesa, que é produzida em São Paulo” pelo Instituto Butantã. E mesmo depois de desmentido pelo  Instituto Butantã e pela ANVISA,  o chorume bolsonarista nas redes sociais insinuam que o suicídio deve ser, na verdade, resultado de um surto desencadeado pela própria vacina.



A chegada de Bolsonaro ao poder trouxe consigo um combo de seguidores fanáticos de políticos, adeptos de teorias da conspiração, terraplanistas e negacionistas de toda sorte. No tempo do PT esse vírus também era conhecido como: blogueiros sujos e esgotosfera. Mais fácil sair a vacina pra COVID que a cura para o bolsonarismo.