segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

A Queda

 

Mesmo os grandes impérios na história não duraram para sempre, é sempre assim na história dos governos, eles sempre acabam. Foi assim também com o Terceiro Reich nazista, governo planejado para durar mil anos, durou de 1933 a 1945. Está sendo assim também com o governo de Bolsonaro, “o breve”, planejado para 8 anos, morreu “agorinha”.


 O governo acabou, mas não sem sobressaltos. O bolsonarismo se enquadra em uma manifestação política (quase religiosa) baseada no messianismo. Esse tipo de movimento político é composto por um subgrupo de apoiadores fanatizados que acreditam nas capacidades mágicas do seu líder político, a quem cultivam a imagem de líder genial e patriótico. Nem fatos e nem a realidade faz com que a imagem de “santo protetor” diminua na cabeça da massa fanatizada.

Agora mesmo existem diversos acampamentos golpistas no Brasil distribuídos em frente aos batalhões do exército pedindo intervenção militar. Esses movimentos se apoiam em uma acusação apócrifa de suposta fraude eleitoral. Essa “acusação” não se sustenta em nenhum fato concreto e nem mesmo é defendida por ninguém, nem pelo partido do presidente derrotado, nem pelo exército e nem mesmo pelo próprio Bolsonaro, que covardemente mantém a massa de fanáticos mobilizada afirmando que o país não pode ser “governado por comunistas”.

O grupo de revoltosos golpistas é composto em boa parte por senhores e senhoras da terceira idade que ao invés de cuidar dos netos, dão vexame e servem de massa de manobra para um político que tenta demonstrar força para usar como barganha para livrar da cadeia a si próprio e aos filhos, ele próprio já manifestou publicamente preocupação em não ser preso. Tenta salvar a própria pele.

O fanatismo é um perigoso ingrediente e que já demonstrou o seu poder destruidor em diversos movimentos políticos, o bolsonarismo já deu demonstrações de graves incompatibilidades de convivência com a realidade. Os seus apoiadores não interagem com os meios de informação tradicionais, não assistem televisão e à imagem dos petistas chamam o canal de televisão de “Globo Lixo”, preferem viver no whatsapp, onde a informação mais importante é a Fake News que mais agrada o leitor e que não precisa de checagem.

O filme. “A Queda” retrata bem como um líder populista, fanático e obsessivo, reluta para não reconhecer que o fim se aproxima. Atrelado ao passado, culpa terceiros pela sua derrota, sem reconhecer que foram os próprios erros que ocasionaram a sua ruína. Mas, como no filme, nas últimas horas, terminará sozinho, acompanhado de uns poucos apoiadores suicidas

sábado, 23 de abril de 2022

Bolsonarismo na terra plana

Existe uma frase famosa de Nietzsche que diz: “o fanatismo é a única forma de poder acessível aos fracos”. A frase vai bem à calhar para se analisar os fenômenos de messianismo, tanto religiosos quanto políticos, o bolsonarismo se enquadra bem nas duas categorias de análise.

            Já falamos dos parcos atributos intelectuais e morais do líder messiânico Bolsonaro, pouco inclinado ao trabalho, físico ou intelectual, o presidente é líder de uma seita de apoiadores que o idolatram como “mito”, não importa as inúmeras promessas de campanha quebradas ou os antigos aliados abandonados na cova dos leões: Sara Winter, Roberto Jefferson, Oswaldo Eustáquio e agora Daniel Silveira. O gado apoiador do presidente sempre procura uma desculpa pra isentar seu “mito” de culpas, como quem diz, “A culpa é minha e eu coloco em quem eu quiser”, Bolsonaro é sempre traído e o último a saber.

            Na terra plana do bolsonarismo, não importa se o político ganhou a eleição prometendo probidade e combate à corrupção e agora é aliado de corruptos e políticos do centrão, não. Não importa também se o político não liga para a vida de pessoas na pandemia e que o importante é a economia e a produção, não. Para os apoiadores do “mito” vale a frase do livro 1984: “...Liberdade é Escravidão; Ignorância é Força”, na realidade invertida da terra plana é o eleitor que deve fidelidade canina ao líder messiânico, e não o político ao eleitor

sábado, 1 de janeiro de 2022

Pequi roído e pirão perdido

                2022 é o ano do fim mandato de Jair Bolsonaro, espera-se que o último. Desde que Bolsonaro chegou ao poder, o país sentiu uma piora gradativa da qualidade da política e assistiu ainda ao maior grau de corrosão das instituições do Estado - não imaginávamos que ainda fosse possível depois dos desastrosos governos petistas.

                O certo é que ao longo do seu mandato o presidente demonstrou uma grande incapacidade para a atividade de administração do país. Claro que a sua passagem de mais de 30 anos como Deputado Federal não indicava grandes capacidades cognitivas ou vocação para o trabalho; autor de raros projetos de lei e relegado a pequenas pautas ideológicas, a não ser por protagonizar homéricas brigas no plenário, teve passagem acanhada.

                No governo, Bolsonaro se dedica a pequenas – e grandes – intrigas palacianas, inaugura pontes de madeira no interior do amazonas, faz presença em formaturas semanais de quaisquer turmas de cadetes militares (como demonstrado por reportagem que analisou a sua agenda oficial ). E claro, participa de qualquer churrasco, aglomeração ou “muvuca” com lancha ou Jet-ski em praias, tudo para fugir do trabalho. O sentimento que fica é que nunca se viu um presidente tão avesso ao trabalho e à melhoria como gestor.

                O fato é que nem mesmo a liturgia do cargo é respeitada pelo presidente. No final do ano, chuvas torrenciais atingiram a Bahia, deixando centenas de famílias desabrigadas e mais de 20 pessoas mortas, mas o presidente simplesmente tirou férias e aparece diariamente em aglomerações em praias e até em Beto Carreiro; parece “curtir a vida adoidado”, sem se importar com essa catástrofe horrenda. Um professor goiano publicou um outdoor que resumia a figura do presidente em uma frase: “Cabra à toa, não vale um pequi roído”. Aqui no Nordeste também temos um adágio para essas situações, pirão perdido!