sábado, 1 de janeiro de 2022

Pequi roído e pirão perdido

                2022 é o ano do fim mandato de Jair Bolsonaro, espera-se que o último. Desde que Bolsonaro chegou ao poder, o país sentiu uma piora gradativa da qualidade da política e assistiu ainda ao maior grau de corrosão das instituições do Estado - não imaginávamos que ainda fosse possível depois dos desastrosos governos petistas.

                O certo é que ao longo do seu mandato o presidente demonstrou uma grande incapacidade para a atividade de administração do país. Claro que a sua passagem de mais de 30 anos como Deputado Federal não indicava grandes capacidades cognitivas ou vocação para o trabalho; autor de raros projetos de lei e relegado a pequenas pautas ideológicas, a não ser por protagonizar homéricas brigas no plenário, teve passagem acanhada.

                No governo, Bolsonaro se dedica a pequenas – e grandes – intrigas palacianas, inaugura pontes de madeira no interior do amazonas, faz presença em formaturas semanais de quaisquer turmas de cadetes militares (como demonstrado por reportagem que analisou a sua agenda oficial ). E claro, participa de qualquer churrasco, aglomeração ou “muvuca” com lancha ou Jet-ski em praias, tudo para fugir do trabalho. O sentimento que fica é que nunca se viu um presidente tão avesso ao trabalho e à melhoria como gestor.

                O fato é que nem mesmo a liturgia do cargo é respeitada pelo presidente. No final do ano, chuvas torrenciais atingiram a Bahia, deixando centenas de famílias desabrigadas e mais de 20 pessoas mortas, mas o presidente simplesmente tirou férias e aparece diariamente em aglomerações em praias e até em Beto Carreiro; parece “curtir a vida adoidado”, sem se importar com essa catástrofe horrenda. Um professor goiano publicou um outdoor que resumia a figura do presidente em uma frase: “Cabra à toa, não vale um pequi roído”. Aqui no Nordeste também temos um adágio para essas situações, pirão perdido!