quinta-feira, 13 de outubro de 2016

O PT e a PEC dos gastos, ou: Tira a mão do meu pobre

Desde 2003 o Brasil experimentou uma grande mudança político-social com a chegada do PT ao poder. Com a melhora substantiva da economia foi possível realizar políticas públicas de envergadura como as de transferências de renda melhorando de forma substancial a vida da população mais carente. Também foi possível a realização de grandes investimentos, como programas de aceleração do crescimento PAC e a implantação de IF’s e Universidades em áreas com forte demanda por educação.
No entanto, e sobretudo no momento em que a economia começa a “fazer água”, com a forte diminuição dos termos de troca de nossa balança de pagamento, com a queda substancial das mercadorias de exportação brasileira, petróleo, minério de ferro e soja, principalmente, e na esteira da crise econômica que se desenvolveu desde 2008, o governo petista se negou a ver a nova realidade que se impunha.
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A presidente Dilma continuou a gastar à vontade ainda antes da sua reeleição em 2014, mesmo quando a arrecadação do governo já havia registrado sucessivos déficits. Com base em forte endividamento do governo, a dívida pública interna, que aumentou fortemente desde 2010, chegou em 2015 a 66,2% do PIB. Situação insustentável.

A presidente, economista, deixou o país cair na lista dos países com grau de investimento qualificado como volátil, e liderando a “rabeta” dos países em nível de crescimento do PIB, só ganhando para Venezuela entre os anos de 2014 e 2016.
Entusiasta da contabilidade “criativa”, não escriturava as dívidas em atraso do Tesouro Nacional junto ao Banco do Brasil, dívidas essas que serviam para custear o Plano Safra, o que ficou conhecido como pedaladas fiscais. Dessa vez não funcionou o discurso de perseguida política, teve que deixar o Palácio da Alvorada com a votação do impeachment.
Um fator realmente ruim dessa era petista, foi o nível de poluição atingido nos debates políticos no Brasil. Os petistas sempre caracterizaram as críticas ao seu governo como preconceito de classe. Dividiram sempre o Brasil, seus projetos e políticas públicas, entre o “nós e o eles...”, entre os pobres e a “elite branca”, entre os defensores do povo e os traidores. Agora com a discussão da PEC dos gastos públicos, o nível de voracidade das vozes petistas alcançou novos níveis.
As esquerdas nunca conseguem esconder o seu grau de autoritarismo. Acham sempre que têm o monopólio sobre os pobres. O que não é de se surpreender, uma vez que o próprio Karl Marx fundou toda a sua teoria da alienação em cima do julgamento, se não preconceito? De que os proletários são incapazes, alienados, de interpretar a realidade... a alienação seria quase uma incapacidade cognitiva de o povo identificar a realidade. Mas claro, o próprio Marx, do seu lado, se sentia perfeitamente capaz de indicar o caminho “certo”, aquele que o povo deveria seguir.
Dessa forma, as esquerdas de hoje insistem em colocar o povo no “seu lugar”, pobre bom é o pobre que vota no PT, esse faz parte do povo “certo”. O PT nunca conseguiu reconhecer os erros do seu governo, mesmo em meio ao petrolão, maior esquema de corrupção identificado no Brasil, não fez nenhuma autocrítica. Credita o seu fracasso à “traição feita pelo povo”, o povo que “não sabe” que é pobre. Povo bom deve votar no PT. O resto são traidores, mal-intencionados, ou, alienados... Inconformados com a derrota que dizimou o partido nas eleições municipais, mais uma vez o PT quer criar o “povo certo”. Não vai funcionar.

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